Exemplos de Redações nota 1000 no ENEM 2020
A redação é a parte mais importante na prova do ENEM, pois é a única nota em que é possível alcançar 1000 pontos e muitas universidades dão um peso maior a redação.
Por esse motivo é essencial que você estude e treine para a Redação do ENEM. Para isso selecionamos as redações de alguns alunos que tiraram nota 1000 na redação do ENEM 2020 cujo tema foi O Estigma associado às Doenças Mentais na sociedade brasileira Confira abaixo:
Redação de Sofia Vale
No livro “O papel de parede amarelo”, é narrada a história de uma mulher que passa a apresentar uma constante tristeza e, por isso, isola-se do convívio social. Contudo, esses sinais de má saúde mental são ignorados pelo marido da personagem, resultando no desenvolvimento de uma condição psicológica incapacitante na protagonista. Fora da ficção literária, o drama descrito é comparável com a realidade de muitos brasileiros, os quais, ao apresentarem sintomas de doenças mentais, são discriminados pela sociedade, em razão do estigma que associa seu sofrimento à fraqueza ou à anormalidade. Nesse sentido, é pertinente destacar o desconhecimento do tema como causa e o agravamento de problemas de saúde como consequência dessa problemática.
Inicialmente, deve-se entender que a associação entre má saúde mental e fraqueza, estigma muito comum no Brasil, é resultado do desconhecimento acerca do funcionamento da mente humana. Em razão desse desconhecimento, muitos propagam a ideia de que desentendimento familiar, frustração em relacionamentos amorosos e dificuldade de adaptação aos padrões sociais não são justificativas para o abatimento emocional, julgando como escolha da pessoa afetada a permanência em suas dificuldades. Todavia, tal ideia desconsidera que não são preocupantes apenas as patologias medicáveis, mas também a dificuldade em lidar com desafios cotidianos, os quais, mesmo parecendo simples para alguns indivíduos, podem ser sérios para outros. Dessa forma, o contexto brasileiro pode ser sintetizado pela seguinte frase do poeta alemão Goethe: “Não há nada mais assustador que a ignorância em ação”, porquanto ignorância em relação aos sentimentos do outro tem efeitos assustadores na saúde dos cidadãos.
Consequentemente, todo esse estigma associado à saúde mental resulta no encobrimento das emoções de muitos brasileiros, o que retarda ou impede o tratamento de suas patologias e agrava seus problemas. Isso se explica pela vergonha de sua condição psicológica, pudor motivado pelo rótulo de fraqueza -em casos de depressão ou de estresse - ou de anormalidade - em casos de bipolaridade e de esquizofrenia, por exemplo. A partir dessa pressão social, muitas pessoas, ao se privarem de ajuda médica, podem atingir situações extremas como a necessidade de internação ou o suicídio, problemática crescente no país. Assim, fica evidente que o suicídio pode ser evitado por meio do combate ao estigma associado a doenças psicológicas, pois, segundo a OMS, ele é causado, em 90% dos casos, por transtornos mentais, sendo urgente a mudança do quadro nacional supracitado.
Portanto, cabe ao Ministério da Saúde, por meio de parceria com as escolas, desenvolver um programa de assistência e informação relacionado a doenças mentais, disponibilizando cartilhas que ajudem os estudantes a entender os sinais de má saúde psicológica, a fim de combater a ideia de que ela é sinônimo de fraqueza ou anormalidade. Esse mesmo ministério deve, também, desenvolver campanhas, em universidades e repartições públicas, que incentivem a procura de profissionais da saúde mental em casos de transtorno, a fim de evitar o suicídio. Somente assim, a história dos brasileiros com doenças mentais será diferente da narrada em “O papel de parede amarelo."
Redação de Ramon Ribeiro
Promulgada pela ONU em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos garante a todos os cidadãos o direito ao respeito e ao bem-estar social. No entanto, percebe-se que esse pressuposto não é empregado adequadamente no país, em razão do estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira, o que configura um problema a ser resolvido. Com efeito, há de se examinar não somente a inoperância governamental no que tange ao tratamento dos transtornos mentais, mas também a falta de comprometimento das instituições de ensino como fatores ligados à problemática em questão.
Em primeira análise, vale salientar que a negligência estatal influencia consideravelmente no combate às doenças mentais. Sob esse viés, o filósofo iluminista John Locke desenvolveu o conceito de Contrato Social, em que o Estado seria responsável pelo bem-estar coletivo. Entretanto, a máquina administrativa rompe a tese de Locke, uma vez que não proporciona o investimento em programas que tencionem os tratamentos necessários às pessoas que possuem doenças mentais. Nessa lógica, ainda que o artigo 196 da Constituição Federal assegure a saúde e o acesso aos serviços e ações que a promovam, o Poder Público inoperante não proporciona o pleno desenvolvimento dos cidadãos acometidos por essas enfermidades pela escassez de aplicações financeiras nos projetos, acentuando o impasse, que precisa ser mitigado.
Em segunda análise, cabe ressaltar que a ausência de participação escolar em desconstruir os paradigmas relacionados às doenças mentais constitui um agravamento desses entraves. Embora a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional assevere um ensino pautado na tolerância e valorize as relações além das salas de aula, nota-se que essa prerrogativa não é devidamente praticada nas instituições de ensino. Nessa perspectiva, a carência de uma aprendizagem direcionada à diminuição de estigmas associados às doenças psiquiátricas intensifica o problema no corpo social. Prova disso, cita-se a exiguidade de planos pedagógicos, feiras instrutivas e mesas-redondas nas escolas que visem a amenização do preconceito às doenças mentais. Logo, uma intervenção torna-se substancial para conter os desafios do quadro hodierno.
Portanto, é fundamental a atenuação do estigma associado aos transtornos psíquicos. Nesse sentido, o Ministério da Saúde deve realizar aplicações financeiras nos programas de tratamento das doenças mentais, por meio da elaboração, votação e sanção de uma Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que destine o montante básico aos projetos, periodicamente, para se certificar do investimento neles. Ademais, compete ao MEC –no exercício de seu papel constitucional- viabilizar o comprometimento das escolas com o intuito de desconstruir os paradigmas sociais acerca das doenças psiquiátricas, mediante debates ao longo do ano letivo, sequências didáticas e discussões temáticas entre alunos e o corpo docente. Dessa forma, a sociedade brasileira pode desfrutar do respeito e do bem-estar social, previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos.
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