Exemplos de Redações nota 1000 no ENEM 2022
A redação é a parte mais importante na prova do ENEM, pois é a única nota em que é possível alcançar 1000 pontos e muitas universidades dão um peso maior a redação.
Por esse motivo é essencial que você estude e treine para a Redação do ENEM. Para isso selecionamos as redações de alguns alunos que tiraram nota 1000 na redação do ENEM 2022 cujo tema foi Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil Confira abaixo:
Redação de Ana Laura Toquarto
O filme "Encanto" apresenta - por meio das memórias da avó da protagonista - um conflito, marcado pelo desespero de uma aldeia colombiana frente ao ataque e à consequente desterritorialização forçada de centenas de indivíduos. Assim, embora desamparados e impactados pela violência, as ancestrais de Mirabel, a personagem principal, tentam sobreviver, enquanto comunidade, estabelecendo-se em outro local e perpetuando sua cultura, sua sabedoria e seus costumes às futuras gerações. Fora dos limites da ficção, a exclusão e a opressão que atravessam as comunidades e os povos tradicionais do Brasil se expressam, assim como no filme, através de inúmeros casos que revelam o cerceamento dos direitos sociais básicos desses grupos.
Dito isso, em um cenário de acentuada negligência estatal, indígenas, quilombos, populações ribeirinhas e outras identidades vivem em condições de extrema vulnerabilidade, privados de serviços públicos essenciais como educação, saúde, saneamento básico e afins. Nesse contexto, Milton Santos estabelece o conceito de cidadania mutilada, que se refere a indivíduos que, por conta das desigualdades socioeconômicas, têm seu status de cidadãos ameaçado. Dessa forma, abandonados por um Estado que deveria assegurar suas necessidades humanas básicas, esses grupos enfrentam, diariamente, a precarização crescente de sua qualidade de vida e, consequentemente, do exercício de sua cidadania. Assim, a valorização e a segurança dessas minorias são ameaçadas pelo descaso e pela negligência de um governo que exclui e fragiliza a identidade de seus cidadãos.
Ademais, para além da segregação que sofrem por parte do Estado, as comunidades e povos tradicionais contam com manifestações de preconceito e de violência que lhes são direcionadas por outros brasileiros. Com isso em mente, a filósofa Marilena Chaui estabeleceu que uma sociedade, ao encarar a intolerância e a exclusão como atitudes legítimas por parte de seus governantes, instiga a população a agir de forma cada vez mais hierarquizada e autoritária. Desse modo, aldeias indígenas, quilombos e outros territórios ocupados por povos tradicionais são constantemente atacados por brasileiros que reproduzem a violência do Estado para com esses grupos marginalizados. Em um cenário como esse, o respeito e o cuidado que uma sociedade deveria ter com seus integrantes são substituídos por situações em que a vida e a integridade dos povos tradicionais são colocados em risco.
Em suma, a valorização e a preservação da cultura e da identidade de comunidades brasileiras tradicionais exigem o acesso pleno desses indivíduos aos seus direitos humanos básicos. Com isso em mente, o Estado - promotor do bem-estar social - deve deve garantir, por meio da mobilização de recursos para elaboração de políticas públicas, o acesso à moradia, aos serviços básicos de educação e saúde e a saneamento básico, visando atender as demandas desses grupos marginalizados. Concomitantemente, as escolas devem assegurar aos brasileiros uma formação educacional que promova a inclusão, através de um processo de ensino - aprendizagem que valorize a diversidade, buscando mitigar as condições sociais degradantes denunciadas por Milton santos e por Marilena Chaui.
Redação de Maria Clara Quintanilha
Durante o processo de colonização brasileira, iniciado no século XVI, a estratégia de dominação empregada pela Coroa Portuguesa consistia, além da violência física para a escravização dos povos nativos, na violência cultural, por meio da desvalorização dos costumes desses povos e da imposição de seus próprios conceitos de comportamento e religiosidade. Como resultado desse desrespeito à alteridade, a hegemonia europeia foi estabelecida na América, e a identidade nacional foi construída com base, principalmente, em princípios estrangeiros. Por essa razão, atualmente, dois séculos após a Independência, a importância da cultura nativa ainda não foi resgatada. Mesmo que a valorização de comunidades e povos tradicionais - não só indígenas, mas também ciganos e pescadores, por exemplo - no Brasil, seja essencial para a diversidade cultural do país, essa noção é ignorada para benefício de dinâmicas econômicas.
Primeiramente, é preciso destacar a importância da valorização das populações tradicionais brasileiras para a formação de uma nação rica em diversidade cultural. Para as Ciências Sociológicas, a coexistência de diferentes formas de organização social e expressão cultural é de grande valor para a construção de uma comunidade plural, com aspectos identitários sólidos, na medida em que o contato saudável entre perspectivas e realidades diversas amplia as noções de tolerância e de respeito na sociedade. Nesse sentido, a valorização dos povos tradicionais que têm como herança conhecimentos ancestrais diversificados, transmitidos entre gerações por meio de suas práticas e rituais, é indispensável para a formação de uma acervo cultural nacional extremamente rico, de acordo com a Sociologia.
Entretanto, essa valorização é negligenciada, principalmente, por conta de uma lógica mercadológica. De fato, mesmo após o fim do domínio lusitano, os povos originários do Brasil continuam sob ameaça de violação de seus direitos, diante da perpetuação das práticas exploratórias baseadas na dinâmica capitalista. Com o fortalecimento do Ciclo da Borracha, por exemplo, durante a Segunda Revolução Industrial, a atividade extrativista predatória e ilegal, na Amazônia, aumentou intensamente, de modo que a invasão das terras ocupadas por povos tradicionais tornou-se um artifício comum para a obtenção do látex das seringueiras. Nesse cenário, os conflitos agrários violentos ocasionaram o extermínio de populações locais e, como consequência, a perda de suas tradições. Diante disso, é possível relacionar a desvalorização dessas comunidades à lógica de exploração de recursos naturais para a garantia do lucro.
Fica claro, portanto, que a valorização dos povos tradicionais, no país, apesar de ser importante para a diversidade cultural, enfrenta desafios relacionados aos ideais capitalistas. Para mudar essa realidade, é preciso que, além de estabelecer projetos educacionais que destaquem a necessidade de preservação dessas populações, o Estato institua ações de combate às práticas ilegais de invasão de terras, por meio do aumento da fiscalização das áreas habitadas por povos ameaçados. Isso pode ser feito, por exemplo, com o aumento do contigente de profissionais responsáveis por essa segurança, a fim de garantir a sobrevivência dessas comunidades e, com isso, preservar seus saberes. Assim, espera-se que a importância da cultura nativa seja, enfim, resgatada e consolidada.
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