Exemplos de Redações nota 1000 no ENEM 2024

A redação é a parte mais importante na prova do ENEM, pois é a única nota em que é possível alcançar 1000 pontos e muitas universidades dão um peso maior a redação.

Por esse motivo é essencial que você estude e treine para a Redação do ENEM. Para isso selecionamos as redações de alguns alunos que tiraram nota 1000 na redação do ENEM 2024 cujo tema foi Desafios para a valorização da herança africana no Brasil Confira abaixo:

Redação de Elivando Rodrigues

O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, ao discutir acerca da invisibilidade de alguns grupos na sociedade, equivale tal apagamento a uma morte social, analogia essa que expressa a importância de se reconhecer determinados coletivos para que os indivíduos a eles pertencentes tenham garantida a sua plena cidadania. Nesse contexto, ao se observar o que ocorre à herança africana no Brasil, percebe-se a existência de desafios para a sua devida valorização, os quais excluem, dessa maneira, a relevância dessa cultura - e, por consequência, a de seus praticantes- para a identidade do país. Por conta disso, é necessário analisar duas das suas causas:o racismo estrutural e a falha escolar.

Nesse cenário de apagamento da herança africana, evidencia-se o racismo estrutural como um dos seus causadores. A esse respeito, a filósofa brasileira Marilena Chauí aponta que a sociedade tende a transformar diferenças em desigualdades, ou seja, estabelecido um padrão de conduta, aqueles que dele divergem são inferiorizados, sendo violentados, antes de tudo, simbolicamente. Devido a essa lógica de hierarquia, o Brasil - país de origem colonial escravocrata - estabeleceu o modelo cultural europeu - branco e cristão - como referência a ser seguida, censurando, por exemplo, as manifestações religiosas próprias dos negros escravizados, os quais tiveram que preservar a sua fé e os seus ritos em um processo de sincretismo religioso, por medo da opressão. Por conseguinte a esse tratamento historicamente racista, persistem, hodiernamente, adjetivações negativas atribuídas às religiões de matrizes africanas, preconceito esse que inibe muitos herdeiros dessa cultura de a exercerem publicamente, temendo represálias, o que se caracteriza como uma agressão simbólica. Dessa forma, é pertinente combater os estigmas associados às tradições africanas.

Além disso, a abordagem ainda eurocentrada das escolas dificulta o reconhecimento das heranças culturais oriundos da África. Sob esse vies, apesar de a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) propor a discussão a respeito do legado sociocultural negro no país, as instituições de ensino, em sua maioria, adotam uma perspectiva que ignora as contribuições advindas do continente africano - como a influência na música, na língua e na culinária - e limitam o debate sobre o assunto às aulas que tratam da história europeia, isto é, relegam aos afrodescendentes um papel secundário na formação da memória e da identidade do nação. Consequentemente, por os alunos não terem abordagem adequada, a ideia de pertencimento da população negra ao Brasil é comprometida, uma vez que o enfoque é dado, predominantemente, à população branca. Posto isso, é necessário reconhecer e combater essa falha escolar.

Portanto, é imprescindível valorizar a herança africana no Brasil. Para isso, as escolas - responsáveis, segundo a BNCC, pela formação do senso crítico quanto à sociedade - devem, por meio de debates sobre o racismo estrutural e de palestras com especialistas em cultura negra, apresentar aos alunos a influência positiva da África para a identidade brasileira, por exemplo, a colaboração linguística, musical, culinária e religiosa. Com tal proposta, tem-se a finalidade de combater o racismo, infelizmente, ainda presente na sociedade e reconhecer o Brasil como um país diverso. Logo, a "morte social" de que falou Bauman não afetará a herança africana no país.

Redação de Amanda Chagas

A obra “Torto Arado”, de Itamar Vieira Junior, conta as vivências das irmãs Bibiana e Belonísia, com ênfase na forte relação cultural e religiosa que estabelecem com a ancestralidade africana. Fora da ficção, apesar do enaltecimento promovido pelo autor, as heranças afrodescendentes sofrem com a desvalorização constante no Brasil. Nesse contexto, o passado colonial e a cultura eurocêntrica configuram desafios que fundamentam esse grave panorama.

Em primeira análise, convém ressaltar que a escassa valorização de tais tradições se arquiteta como expressão de contribuições históricas. De fato, a escravização de povos oriundos da África, no Brasil Colônia, constitui a base para a formação do país. Nessa conjuntura, esses indivíduos foram vítimas de violências físicas e simbólicas que, de forma cruel, visavam à docilização e ao apagamento da identidade desses grupos. Desse modo, a marginalização da população negra nesse período, promovida pela elite branca, implicou, consequentemente, a invisibilização dessa minoria até a atualidade, visto que o Estado falhou na inserção social e na valorização do legado africano após a abolição da escravidão.

Ademais, uma segunda análise acerca da problemática revela a influência da hipervalorização da cultura branca. Sob a perspectiva de George Orwell, a mídia é capaz de mover a massa - inclusive no que tange às preferências culturais. Nessa lógica, a hegemonia europeia - de caráter secular - nas produções artísticas brasileiras, somada à inferiorização de elementos de matriz africana, culminou na instituição de uma cosmovisão popular voltada para a descredibilização das heranças invisibilizadas. Com efeito, a exposição midiática insuficiente culmina na subvalorização dessas tradições, as quais sofrem, por exemplo, com tentativas de criminalização, como ocorreu com o samba na Primeira República e com o funk em 2018. Logo, essa realidade degradante precisa ser desconstruída.

Portanto, torna-se evidente o impacto de questões históricas e culturais na manutenção do impasse sociocultural. Para combater esses desafios, a mídia - entidade de vasto alcance popular - deve promover a valorização das culturas africanas herdadas , por meio da criação de filmes, documentários e novelas que as exponham, a fim de mitigar a perpetuação da desvalorização histórica e de problematizar o passado colonial. Dessa maneira, finalmente, será possível atribuir o devido valor ao legado afrodescendente no Brasil, assim como em “Torto Arado”.

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